sábado, 28 de novembro de 2009

Onde estás, Mr. Lawrence?




Há dias assim... numa sucessão de acontecimentos, perde-se tudo...impossível parar, impossível controlar, impossível saber como vai ser amanhã...e nada faz sentido...
Onde estás, Mr. Lawrence?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Bu, bu, bu...


A iMENSA mINORIA desaparecida...

António Sérgio, O Grande Delta e os inesquecíveis sons da noite...

domingo, 1 de novembro de 2009

You Are Welcome to Elsinore

http://dapoetica.blogspot.com/


Mário Cesariny, Homenagem a Luis Buñuel, 1968
 

YOU ARE WELCOME TO ELSINORE

Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
as mão e as paredes de Elsinore

E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmos só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever falar

Mário Cesariny